As variáveis pré-analíticas são as condutas aplicadas nesta fase que garantem a qualidade em todas as demais fases do processo. São diversos os processos pré-analíticos que devem ser adequadamente observados. Estes incluem o pedido médico, o preparo do paciente com orientações em linguagem clara no que diz respeito à dieta e ou jejum desejáveis, uso de medicamentos, horário da coleta, atividade física, ingestão de líquidos, tabagismo, material a ser coletado. Além disto as variáveis pré analíticas também envolvem todo o procedimento de coleta, manuseio, conservação e transporte das amostras.
A atividade física intensa pode interferir no resultado de alguns exames, de acordo com a intensidade com que é praticada. Imediatamente após exercícios físico intenso ocorrem elevações de lactato, amônia, creatinoquinase, aldolase, TGO, TGP. Fósforo, fosfatase ácida, creatinina, ácido úrico, haptoglobina, transferrina, catecolaminas e contagem de leucócitos. Um decréscimo pode ser observado na dosagem de albumina, ferro e sódio.
O uso de bebida alcoólica antes da realização do exame diminui a glicose e aumenta a concentração sérica do ácido úrico e triglicérides, podendo ser uma alteração substancail de até 40%. Como o álcool é uma substância irritante para a mucosa gástrica, pode causar sangramento em pacientes sensíveis, sendo seu consumo desaconselhável durante a pesquisa de sangue oculto.
Tabagismo (fumo) interfere nos resultados de exames? O tabagismo pode influenciar diretamente vários elementos, pois o tabaco é composto por várias substâncias , como a nicotina, piridina, cianureto, tiocianureto entre outras. As alterações mais amplamente conhecidas pelo uso do tabaco antes da coleta são o aumento da concentração de hemoglobina, o aumento do número de hemácias e do volume corpuscular médio. Aumenta o Cortisol e CEA (Antígeno Carcinoembrionário). Já o colesterol HDL apresenta redução em sua concentração. Em dosagem de carboxihemoglobina, a informação a respeito do paciente ser ou não um tabagista é indispensável para a avaliação.
Alguns exames são solicitados para diagnóstico da causa da febre e de outros sinais ou sintomas e servem para orientar o tratamento. Por outro lado, exames realizados para controle clínico ou para acompanhamento doenças não associadas ao quadro febril, não devem ser realizados fora das condições normais de saúde, atividade física e alimentação. Consulte o seu médico ou o laboratório antes de fazer exames nesta situação.
A concentração de vários analitos variam em função do horário de coleta, devendo-se atentar para as orientações específicas de cada exame. De preferência, a coleta deve ser realizada pela manhã, pois a maioria dos testes foi padronizada para realização nestas condições. As variações circadianas são importantes e podem ser principalmente diárias, ocorrendo por exemplo nas concentrações de Cortisol, Ferro, ACTH e TSH. Existem exceções, e algumas vezes a própria solicitação do médico pede a coleta em horários diversos.
Esta é uma dúvida freqüente. A necessidade de jejum mínimo é definida baseada na literatura e normas vigentes e é estabelecida para a maioria dos exames laboratoriais,variando de acordo com as recomendações de cada exame. No caso de dosagens bioquímicas, em sua maioria, há necessidade de 8 a 12 horas de jejum. Outros testes imunológicos, hormonais podem ser realizados sem jejum. O paciente deve seguir a dieta habitual alimentar e hídrica para a coleta de exames de sangue, fezes e urina, exceto quando a a realização de algum exame exige dieta específica. Para a clientela pediátrica, o jejum mínimo e o máximo devem ser avaliados de maneira pontual.
Não. A ingestão de água suficiente para satisfazer a hidratação normal não significa que o jejum tenha sido quebrado. O excesso da ingestão de água interfere em alguns exames de urina.
Nem todos os exames necessitam de jejum. Outros necessitam de jejum específico. Para teste sanguíneo como glicose, testes de tolerância à glicose, perfil lipídico,ferro, capacidade de ligação do ferro, vitamina B12 o jejum deve ser de 8 a 12 horas. Para outros testes como os hormonais, imunológicos e até mesmo alguns bioquímicos como o colesterol, dispensam o jejum. Em situações especiais, o jejum mínimo e o máximo devem ser avaliados caso a caso.
Um tempo de jejum muito prolongado (superior a 16 horas) também causa variações no resultado dos exames. Cada paciente, cada exame e cada situação devem ter suas particularidades analisadas de forma a se obter o melhor resultado. Para evitar alterações nos resultados, o laboratório não recomenda a coleta de exames após jejum prolongado, mas o médico solicitante poderá ser consultado para avaliar cada caso em particular.
A boa prática laboratorial recomenda que, para a maioria dos exames de sangue, a coleta seja realizada após um período mínimo de quatro horas de jejum, para adultos. Crianças e recém-nascidos devem ter este prazo reduzido ou até mesmo abolido, dependendo de cada situação clínica. Para cada exame, porém, pode haver necessidade de orientação específica, pois a concentração das substâncias dosadas, como a glicose, por exemplo, varia de acordo com o tempo após a ingestão do alimento. Em dúvidas específicas, o médico solicitante poderá esclarecer cada necessidade.
Não. Diferentemente da água, a ingestão de café pode causar interferência nos resultados de determinados exames. Por isso, deve-se evitar seu consumo seja puro,com açúcar ou com adoçante.
Sim, o uso de medicamentos pode alterar os resultados de exames. No entanto sua suspensão ou alteração de esquema de dose deve ser orientada apenas pelo médico assistente. Caso não haja suspensão do medicamento, este deve ser relatado no ato do atendimento. Para os exames de monitoramento terapêutico, faz-se necessário seguir as orientações de cada exame específico.
A coleta de sangue, urina, fezes não deve ser realizada após a administração de contraste. Coletar o material antes da administração ou aguardar 72horas para realização. Meios de contraste são substâncias de natureza química diversa, utilizados em muitos exames de diagnóstico por imagem. Há grande diversidade de meios de contraste e, cada exame, utiliza volume de contraste variável. Contrastes podem ser administrados por várias vias: oral, venosa, arterial, e, por outras vias, em situações específicas. O ideal para evitar interferências em exames de laboratório e que a coleta seja feita antes do uso dos meios de contraste. Alguns contrastes iodados podem interferir em exames de laboratório por tempo longo, inviabilizando a coleta de determinados exames. O Laboratório poderá avaliar cada caso em que tenha ocorrido uso prévio de contraste, antes da coleta dos exames.
Não, desde que se adote dois cuidados para não misturar esses medicamentos à urina: higiene vaginal na hora de colher a urina e o uso de tampão vaginal.
Em exames de sangue geralmente não, mas, em alguns exames, como de urina, pode causar. Por isso o ideal é fazê-lo fora do período menstrual. Se necessário, a urina pode ser colhida, adotando-se dois cuidados: higienização na hora do exame e uso de tampão vaginal, para evitar que o sangue menstrual contamine a urina. Diversos hormônios variam com a fase do ciclo menstrual e portanto é importante que o médico saiba em que fase do ciclo ele foi realizado, por isso algumas vezes a recepcionista pergunta qual a data da última menstruação.
Não é recomendado o uso de laxantes para realização do exame parasitológico de fezes.
Nem sempre o parasito, seja protozoário (Ameba, Giárdia, etc) ou helminto (Ascaris, Taenia, etc), libera cistos, ovos ou larvas. Estes parasitos têm um ciclo de reprodução, sendo que a liberação de cistos, ovos e larvas não é sistemática. A positividade do exame depende deste ciclo.
Não. Apenas alguém portando o protocolo de retirada e documento pessoal pode retirar os resultados. A entrega de exames para terceiros, sem o protocolo não é permitida. Evidentemente, existem casos excepcionais que serão analisados pela direção.
Não. Também não precisa ser a primeira evacuação do dia. Isso vale para quase todos os tipos de exame de fezes. A coleta pode ser feita em casa, em frasco fornecido pelo laboratório ou adquirido em farmácia. O laboratório não sugere o uso de laxantes para a coleta de fezes, esta orientação só pode ser dada pelo seu médico.
Qualquer amostra de fezes de qualquer evacuação pode ser colhida em recipiente limpo e seco. O frasco deve ser entregue imediatamente ao laboratório, após a coleta.
O primeiro jato de urina carrega células e secreção que podem estar presentes na uretra. Quando se avalia uma possível infecção urinária, é importante que o material examinado não esteja contaminado com material da uretra. Daí a necessidade de desprezar o primeiro jato e coletar o jato médio, ou seja, uma urina que representa apenas o material que está na bexiga.
Na maioria das vezes acontece porque houve pouco tempo de compressão no local da punção. Esta mancha roxa denomina-se "equimose" e ocorre pelo extravasamento de sangue para fora da veia. É causado também por veias finas, delicadas, ou com pressão interna elevada; por uso de algum medicamento que altere a coagulação do sangue.
Depende do tipo de exame. Para cultura, o ideal é que a urina seja colhida no laboratório. Já a urina tipo I, que é mais comum, pode ser colhida em casa, desde que colhida em frasco apropriado, fornecido pelo laboratório ou adquirido em farmácia. A entrega da urina no laboratório deve ser feita no máximo 30 minutos após a coleta.
Na maioria dos casos sim. Se isso não acontecer, a urina poderá ser colhida em qualquer horário do dia, sendo melhor colher a amostra após permanecer no mínimo duas horas sem urinar. O ideal é que a urina seja colhida em frasco apropriado, fornecido pelo laboratório ou adquirido em farmácia.